Quem olha apenas para o título, pode imaginar que tenha tirado de um diálogo de alguma comédia romântica. Porém trata-se de um diálogo entre Batman e Coringa, adversários clássicos dos quadrinhos que foram retratados brilhantemente no filme Cavaleiro das Trevas de 2008.
Coringa encontra no Batman um adversário à altura. Ele testa para ver até onde as habilidades de detetive do Batman conseguem ir frente à sua loucura. O propósito do Coringa passa a ser revelar o lado mais insano do Batman enquanto o propósito do Batman passa a ser encontrar uma lógica dentro da cabeça completamente maluca do Coringa. Os dois precisam dessa luta eterna para sobreviver.
Essa sensação de que o protagonista não pode viver sem seu antagonista e vice-versa se repetiu em outras franquias da cultura pop, mas o curioso é que isso também pode acontecer no mundo real.
Na eleições de 2018, Bolsonaro se elegeu quase que exclusivamente porque se colocou como o inimigo de Lula. Assim como o PT insistiu em levar Lula como candidato até as últimas consequências, afinal ele parecia a melhor chance de combater Bolsonaro. Mesmo depois de Lula preso, Haddad assumiu seu lugar como o adversário de Bolsonaro enquanto os eleitores de esquerda pediam para que Lula fosse solto, afinal ele era o herói que foi preso injustamente porque venceria o fascismo de Bolsonaro.
Quando Lula conseguiu sair da cadeia graças à pressão em cima do STF para que ele voltasse na sua interpretação da Constituição, ele logo se portou como o cara que derrotaria o governo de Bolsonaro. Governo esse que se desgastava sem o Lula solto. Sem Lula, Bolsonaro é um presidente que se isola cada vez mais com suas declarações polêmicas (quando não vêm dele, vêm de seus filhos que conseguem ser igualmente controversos). E sem Bolsonaro, Lula é bem lembrado pelos seus primeiros anos de governo, mas tem uma sombra muito maior dos escândalos de seu partido no final, como é o caso do mensalão.
Assim como Batman e Coringa, Lula e Bolsonaro se completam e não conseguem mais viver sem o outro.
