Acredito que atualmente, todo mundo já saiba sobre o massacre que ocorreu na escola da cidade de Suzano. Claro que esse texto não é pra falar sobre o massacre em si (até porque eu seria apenas mais um dizendo como ele foi bárbaro e absurdo). Na verdade, o objetivo é falar de algo que me chamou a atenção e que eu não vi muita gente falando: um dos fatores em comum entre os assassinos desse e de outros massacres é a escolha em comum por alguns tipos de jogos de videogame. Nesse momento, eu faço o meu apelo para que não se crie um novo tipo de Sedução dos Inocentes em relação aos videogames.
Para aqueles que não conhecem, A Sedução dos Inocentes foi um livro lançado na década de 50 que acusava os quadrinhos de serem responsáveis por criar uma geração violenta e com desvios sexuais (parece familiar para vocês). Com isso, foi criado o famigerado selo Comics Code Authority que tinha por objetivo censurar qualquer história que tivesse violência explícita ou referências a sexo, drogas e qualquer coisa que fosse considerada como uma influência negativa para a juventude americana. As histórias passaram a ser então muito mais fracas e acabavam trazendo diversos risos involuntários. Para se ter uma pequena ideia de como tinham ficado as histórias, recomendo ver a série do Batman dos anos 60 que é bem nesse momento dos super-heróis (na série, o objetivo era ser uma comédia mas nos quadrinhos em teoria tentavam ser algo mais sério). A queda de vendas nos quadrinhos foi gigantesca. No fim, as editoras passaram a confrontar o Comics Code e passaram a lançar suas histórias sem o selo e assim o código passou a fazer cada vez menos sentido.
Claro que o Batman não é a melhor pessoa para te ensinar o que é certo e o que é errado (pelo menos não literalmente), afinal ele é o cara que leva crianças com roupas extremamente coloridas com um alvo de R no coração para enfrentar bandidos perigosos que fugiram de um manicômio. Ao mesmo tempo, tanto ele quanto o Comissário Gordon servem para mostrar a importância de se manter sua moral e ética, mesmo em uma cidade que já não dá mais a mínima importância para isso como Gotham. Por isso é importante que as pessoas tenham conhecimento de até onde vai a ficção e que nem tudo pode ser transportado para realidade literalmente. Esse filtro moral é responsabilidade dos pais ou responsáveis e não dos produtos que os jovens consomem. Negligência acaba causando muito mais mal a eles do que uma revista de super-heróis ou um game de tiro.