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Harry Potter e a Pedra Filosofal: O Menino que sobreviveu

Atualizado: 15 de ago. de 2023


O primeiro capítulo de Harry Potter e a Pedra Filosofal não tem pedra filosofal e praticamente não tem Harry Potter. A autora J.K. Rowling preferiu focar este capítulo nos tios de Harry: os Dursley.

É interessante que apesar de As Crônicas de Gelo e Fogo de George R. R. Martin ficarem conhecidas por terem capítulos que mostram o ponto de vista de personagens de lados opostos, a J.K. Rowling já havia escolhido começar sua saga mágica mostrando o ponto de vista de Válter Dursley. Esse homem que não apenas é completamente trouxa como odeia qualquer coisa que pareça minimamente sobrenatural ou misterioso.

A família Dursley morava na rua dos Alfeneiros nº4. As últimas pessoas que esperaria se envolverem com alguma coisa estranha ou misteriosa, pois tinham o orgulho de dizer que eram perfeitamente normais.

O Sr. Dursley é descrito como sendo um homem alto e corpulento, com bigodes enormes e quase sem pescoço, diferentemente da sra. Dursley que é descrita como tendo pescoço comprido, essencial para espionar os vizinhos por cima do jardim.

É revelado que eles escondiam qualquer parentesco que tinham com os Potter e morriam de medo que alguém descobrisse essa relação. A sra. Potter e a sra. Dursley eram irmãs, porém não se falavam há muitos anos. A última notícia que os Dursley tiveram sobre os Potter era de que eles tinham um filho. O que era, na opinião deles, mais um motivo para ficarem longe deles. Não queriam que Duda, o filho deles, se misturasse com uma criança daquelas.

Porém, em uma terça-feira específica, tudo mudaria. Logo às oito e meia da manhã daquele dia, o Sr. Dursley viu o primeiro indício dessas mudanças: um gato lendo um mapa. Podia ter sido uma impressão ou um reflexo da luz, mas logo em seguida o mesmo gato estava lendo uma placa que dizia "Rua dos Alfeneiros".

Depois, enquanto parava no engarrafamento matinal, viu uma enorme quantidade de pessoas vestidas com roupas estranhas andando nas ruas, usando umas capas largas. Achou que devia ser alguma moda nova entre os jovens, porém viu que alguns deles não eram tão jovens assim. Como um homem que devia ser mais velho do que o Sr. Dursley e vestia uma estranha capa verde-esmeralda.

No trabalho, o Sr. Dursley se sentava de costas para a parede. Se não fosse por isso, talvez achasse difícil de se concentrar, pois teria visto uma estranha quantidade de corujas voando em plena luz do dia. Porém, sem ver as corujas, ele se sentiu extremamente feliz. Pelo menos até a hora do almoço, quando decidiu ir para a padaria e ouviu um grupo de pessoas vestidas com aquelas mesmas capas estranhas cochichando sobre o filho dos Potter.

O Sr. Dursley se assustou e passou a tarde inteira nervoso. No caminho para casa estava tão preocupado que acabou esbarrando em um homem. Quando levantou a cabeça e pediu desculpas, percebeu que era outro daquelas pessoas com capas estranhas. O estranho senhor respondeu ao pedido de desculpas dizendo que não precisava pedir desculpas, pois este era um dia muito feliz e que até trouxas como ele deviam ficar felizes também com a queda de Você-Sabe-Quem.

Quando chegou em casa, a primeira coisa que ele viu foi o mesmo gato sentado no muro do jardim. Ele mandou o gato ir embora, mas o gato não se mexeu, ao invés disso lançou um olhar severo para o Sr. Dursley.

Ele estava decidido a não contar para a esposa sobre o aconteceu naquele dia, pois ela sempre ficava perturbada com a simples menção da irmã. Porém, quando assistiu no jornal noturno falando sobre várias corujas voando de dia e chuvas de estrelas no mundo inteiro. Isso fez ele comentar como quem não quer nada se ela tinha ouvido alguma coisa sobre a irmã. Dizendo também que as notícias recentes pareciam coisa do pessoal dela.

Quando o Sr. Dursley foi se deitar, ficou pensando que mesmo que os Potter estivessem envolvidos de alguma forma, não via como isso poderia afetá-los já que eles sabiam o que os Dursley pensavam sobre a gente da laia deles.

Mas estava enganado, pois enquanto ele caia no sono profundo, aquele mesmo gato se mexeu e foi recepcionar um homem alto e velho, talvez o mais velho que já tenha sido visto na Rua dos Alfeneiros. Ele usava vestes longas, uma capa púrpura e botas com salto fino. Seu olhos eram azuis bem claros, luminosos e cintilantes por baixo do óculos meia-lua e o nariz muito comprido e torto. Seu nome era Alvo Dumbledore.

Alvo Dumbledore pegou algo que parecia com um isqueiro de prata. Abriu ele e o ergueu no ar, nesse mesmo momento o lampião mais próximo se apagou. Ele fez isso diversas vezes até apagar a rua inteira. Nesse momento ele virou para o gato e falou: "Imaginei que encontraria a senhora aqui, professora Minerva McGonagall."

Mas o gato não estava mais lá. No lugar, estava uma mulher de aspecto severo que usava óculos de lentes quadradas, do mesmo formato das marcas que o gato tinha ao redor dos olhos. Ela usava uma capa esmeralda e cabelos negros presos em um coque.

Os dois então começam a comentar que todos os bruxos estavam comemorando, inclusive o Dumbledore comenta que já havia passado por dez banquetes no caminho. A McGonagall reclama que eles estavam sendo muito descuidados e que os trouxas estavam percebendo as mudanças como estrelas cadentes (que ele achava que era coisa do Dédalo Diggle), afinal estava saindo no jornal.

Durante a conversa, eles discutem se Você-Sabe-Quem realmente tinha ido embora. Nessa discussão o Dumbledore diz que achava uma bobagem essa história de "Você-Sabe-Quem" e que há 11 anos tentava convencer as pessoas a chamarem ele pelo nome: Voldemort. Ela comenta que talvez seja porque o Dumbledore era a única pessoa que o Voldemort temia.

Por fim, a professora McGonagall comenta que as notícias dos trouxas não são nada comparado aos boatos sobre quem havia derrotado Voldemort.

O boato era de naquela noite, Voldemort havia ido atrás dos Potter em Godric's Hollow e matado Thiago e Lilian e que tentou matar o filho deles mas não conseguiu. No momento em que ele fez isso, por algum motivo, os poderes de Voldemort desapareceram e ele foi embora.

Depois da conversa, Dumbledore olha o relógio e conclui que Hagrid estava atrasado em sua missão de trazer o pequeno Harry para que Dumbledore pudesse entregá-lo aos seus tios. A professora McGonagall fica indignada ao saber que estavam pretendo deixar o garoto que viraria uma lenda, que todo o mundo bruxo conheceria seu nome com os piores trouxas que ela havia conhecido: os Dursley.

Mas no fim os dois acabam concordando que uma fama dessas poderia virar a cabeça de qualquer menino, afinal ele se tornaria famoso antes mesmo de saber andar e por algo que ele nem se lembrará. Será melhor para ele crescer longe de tudo isso.

Logo depois, eles escutaram um barulho que foi crescendo, o barulho de uma motocicleta. A motocicleta era enorme, mas nada comparado ao seu piloto. O Hagrid era duas vezes maior do que um homem normal e quase cinco vezes mais largo.

Hagrid fala que conseguiu trazer o menino graças a moto que o jovem Sirius havia emprestado (é impressionante a capacidade da autora de criar o universo, afinal ela já coloca logo no primeiro capítulo o Sirius Black, um personagem que só começará a ter importância no terceiro livro da saga). Hagrid então entrega o menino para Dumbledore. Juntos, os três se despedem de Harry e o deixam na porteira da casa dos Dursley junto com uma carta que explicava tudo o que havia acontecido em meio aos cobertores. Disseram que em breve, voltariam a ver o menino.

O menino dormia em meio aos cobertores, sem saber que era especial, sem saber que era famoso e sem saber que em poucas horas acordaria com os gritos da Sra. Dursley, nem que passaria as próximas semanas levando cutucadas e beliscões de Duda. Sem saber que no mundo inteiro, as pessoas estavam comemorando e brindando a Harry Potter: o menino que sobreviveu.

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Bruno Lago

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